A primeira final do Inter na temporada saiu graças à maior força do time: o poderio ofensivo levou a melhor sobre o bloqueio do Juventude. Com a contribuição dos erros (forçados) do rival, o Colorado venceu por 4 a 1 na noite do sábado, no Beira-Rio. Aliás, a quinta goleada sob o comando de Miguel Ángel Ramírez saiu a partir dos mais variados caminhos.
O duelo na fria noite no Beira-Rio, apesar do dilatado placar, não foi tão fácil quanto os números sugerem. Veio mais a partir de uma eficiência grande, especialmente nos dois primeiros gols.
Como de praxe, o Colorado foi o dono das ações. Com a missão de reverter a vantagem da equipe da Serra, o Inter manteve o controle do jogo — terminou com 62% de posse da bola — e se posicionou no campo de ataque.Me preocupa que a gente crie chances. São coisas do jogo errar oportunidades. Mas o que trabalhamos é para ter volume ofensivo e chegar ao gol quanto mais vezes, melhor.— Ramírez
Os comandados de Ramírez forçavam muito as jogadas entre Moisés e Mauricio pela esquerda. Entretanto, encontravam pouco espaço e não conseguiam entrar na área de Marcelo Carné.
Os visitantes ainda faziam cera — Carné foi até advertido pelo árbitro Daniel Bins — e enervavam colorados, dentro e fora de campo. Os dirigentes bradavam na arquibancada, irritados.
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Inter goleia e confirma vaga na final do Gauchão — Foto: Ricardo Duarte/Inter
Curiosamente, quando o primeiro tempo parecia que terminaria 0 a 0, o Inter abriu o placar. Aliás, o time de Marquinhos Santos acabara de obrigar Lomba a espalmar cobrança de falta de Wescley para escanteio. Ou seja, o Juventude estava no ataque.
Aos 43 minutos, após essa cobrança, Praxedes bloqueou chute de Capixaba. A bola chegou à intermediária defensiva. Yuri Alberto se antecipou a Paulo Henrique, último marcador do rival e que se viu obrigado a tentar o bote, e tocou para Thiago Galhardo.
O artilheiro colorado disparou do campo defensivo, atravessou metade do campo, invadiu a área e, na saída de Carné, mostrou o lado solidário. Rolou de lado para Yuri, que só teve o trabalho de empurrar para o fundo das redes.
As goleadas com Ramírez
- Aimoré 1 x 6 Inter
- Inter 5 x 0 Esportivo
- Inter 4 x 0 Táchira
- Inter 6 x 1 Olimpia
- Inter 4 x 1 Juventude
Time varia repertório para golear
Com toda a dificuldade para criar, o Inter se aproveitou de um vacilo do Juventude para ser cirúrgico. Na base da troca de passes, o Colorado ainda não havia tido chance. Mas a transição em velocidade apareceu. A partir desse gol, as coisas ficariam menos complicadas.
O placar levava o jogo aos pênaltis. Mas, o lance desestabilizou o adversário. Forster e João Paulo se atrapalharam na saída de bola, erro forçado a partir da marcação do Inter no campo ofensivo. Edenilson aproveitou, avançou pela direita e aguardou o tempo para cruzar rasteiro para Mauricio marcar.
O resultado trazia tranquilidade por encaminhar a vaga à decisão. Com a necessidade de marcar para seguir vivo, o Juventude voltou do intervalo e adiantou a marcação. Logo no primeiro minuto, Mauricio errou uma saída de bola. Matheus Peixoto invadiu a área e só não descontou porque Rodrigo Dourado foi preciso no bote.
Os visitantes seguiram no ataque. Peixoto subiu mais que Galhardo e Víctor Cuesta, mas cabeceou para fora após cobrança do escanteio. Capixaba ainda obrigaria Marcelo Lomba a fazer grande defesa em chute de fora da área.
Mas o posicionamento do Juventude deu possibilidades ao Inter. Em bola em profundidade para Galhardo, o Inter chegou ao terceiro. O atacante tentou passe para Yuri, que disputou com Carné e acabou derrubado. A arbitragem marcou impedimento, mas, após a revisão no VAR, assinalou pênalti. Edenilson, com a frieza habitual, guardou.
O VAR voltou a ter trabalho e confirmou pênalti de Cuesta em Paulo Henrique. Peixoto chutou rasteiro no canto direito de Lomba, que nem se mexeu.
O Inter não se assustou e teve tempo de marcar mais um, esse sim dentro do modelo de troca de passes. Zé Gabriel, no meio-campo, pela direita, encontrou Nonato na meia esquerda. Um passe fora da caixa.
O camisa 33 se esticou e, com um toque, deixou para Caio Vidal finalizar. Carné defendeu, mas, no rebote, Rodinei apareceu para anotar o quarto e confirmar o Inter na decisão. Quarto gol, de maneira diferente dentro dos 90 minutos, uma variação do repertório.
Saber usar o campo aberto em velocidade (primeiro gol), quase um instinto do atacante ao ver o caminho livre para o gol, mas também aproveitar erro forçado pela ação coletiva do time (segundo gol), responer ao posicionamento do rival (terceiro gol) e arriscar algo diferente (quarto gol). Tudo isso junto.
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Edenílson e companheiros comemoram gol do Inter — Foto: Ricardo Duarte/Inter
O gol do lateral-direito chancelava a produção dividida da equipe. Sob a liderança de Ramírez, o Colorado já marcou com 15 jogadores diferentes, a contar Abel Hernández, que deixou o Beira-Rio e está no Fluminense. Ainda houve o contra de Tcharles, na goleada sobre o Aimoré.
Goleada, aliás, é outra marca do Inter de Ramírez. São cinco em 13 jogos (incluindo a vitória por 4 a 2, que foi comandada pelo auxiliar Martín Anselmi). Todas elas nas últimas sete partidas.
Embalado, o Inter luta para reconquistar o Gauchão após cinco anos. Espera o vencedor do confronto entre Grêmio e Caxias neste domingo.
Antes da final, no entanto, tenta manter a fase com mais uma vitória na Libertadores. Na manhã deste domingo, viaja para a Venezuela. Na terça-feira, a equipe enfrenta o Deportivo Táchira, no Pueblo Nuevo, em San Cristóbal.