A derrota no clássico do último domingo devolveu ao Vitória a condição de pior defesa do Campeonato Brasileiro 2017. Assim como o Atlético-GO, o Rubro-Negro baiano foi vazado 47 vezes ao longo das 30 partidas disputadas até aqui pela Série A. A média é de aproximadamente 1,5 gol sofrido a cada jogo, e as últimas rodadas foram fundamentais para recolocar a equipe de Vagner Mancini na lanterna do ranking de retaguardas da competição.
Nos últimos sete jogos, o Vitória, que ocupa a 17ª colocação da tabela de classificação, sofreu 14 gols, média de dois por partida. No mesmo período, o lanterna Atlético-GO foi vazado 10 vezes, quatro a menos do que o time baiano. Por sinal, as outras equipes do Z-4 também tiveram rendimentos defensivos ruins entre a 24ª e a 30ª rodada. O Coritiba, 19º colocado, sofreu 10 gols, enquanto a Ponte Preta, que ocupa a 18ª posição, sofreu 11.
Desempenho defensivo do Vitória com Vagner Mancini
Primeiros sete jogos com Mancini | Últimos sete jogos com Mancini |
Cruzeiro 0 x 0 Vitória | Vitória 1 x 2 São Paulo |
Vitória 3 x 1 Ponte Preta | Atlético-MG 1 x 3 Vitória |
Flamengo 0 x 2 Vitória | Botafogo 2 x 3 Vitória |
Vitória 0 x 1 Avaí | Vitória 1 x 2 Sport |
Corinthians 0 x 1 Vitória | Santos 2 x 2 Vitória |
Coritiba 0 x 1 Vitória | Vitória 2 x 3 Atlético-PR |
Vitória 2 x 2 Fluminense | Bahia 2 x 1 Vitória |
A situação atual contrasta com o início de trabalho de Vagner Mancini. Ao chegar à Toca do Leão, em julho, o treinador encontrou o Vitória como defesa mais vazada do Brasileirão, com 29 gols sofridos. O problema foi corrigido, pelo menos a princípio, e o Rubro-Negro passou a apresentar melhor produção no setor. A defesa baiana foi vazada apenas quatro vezes nos primeiros sete jogos do técnico.
Após o período de estabilidade, o Leão voltou a apresentar problemas. Alguns fatores ajudam a explicar a queda de rendimento. O principal é a bola aérea. Dos 14 gols sofridos nos últimos jogos, nove surgiram em lances de cruzamento para a área, o que equivale a 64% do total. E cinco dos gols pelo alto foram em bolas paradas, assunto que entrou na pauta de discussão do zagueiro Wallace no início desta semana.
Piores defesas do Brasileiro 2017
Time | Gols sofridos |
Atlético-GO | 47 |
Vitória | 47 |
Chapecoense | 43 |
Sport | 43 |
São Paulo | 42 |
Ponte Preta | 40 |
Fluminense | 40 |
Bahia | 40 |
Vasco | 39 |
Coritiba | 38 |
Atlético-PR | 37 |
Atlético-MG | 36 |
Avaí | 35 |
Botafogo | 32 |
Palmeiras | 31 |
Flamengo | 29 |
Cruzeiro | 28 |
Grêmio | 26 |
Corinthians | 20 |
Santos | 20 |
– A gente conseguiu dar uma baixada grande na quantidade de gols, mas agora voltou a sofrer. Mas quando vai analisar os gols sofridos, 70%, 80% é de bola parada. É um índice extremamente alto, ponto fora da curva. Temos que ver porque está acontecendo isso. São Paulo foram dois gols de bola parada, Bahia foi de bola parada, Atlético-PR, Sport, Botafogo…A gente pode pontuar aqui cada gol. Temos tido dificuldade. Nível de concentração tem baixado nessa questão. Bola parada é mais atenção que outra coisa. O Bahia agora foi definido em gol de bola parada. Às vezes a gente fica tentando achar solução e não encontra. Então, basta voltar a ter o nível de concentração para que isso seja sanado. Se a gente for olhar o jogo em si, temos passados tranquilos, com poucas chances dadas ao adversário. Mas bola parada tem sido um tormento para a gente nesse momento.
Outro ponto de desequilíbrio para a defesa rubro-negra é a ausência de Kanu. O defensor deixou o time no fim de setembro para tratar de uma inflamação no joelho. Para minimizar o desfalque, Vagner Mancini recuou Ramon, que atuava improvisado no meio-campo, para jogar novamente como zagueiro, ao lado de Wallace. No Ba-Vi do último domingo, o técnico escalou a defesa com Fred e Wallace. Desde a saída de Kanu, o Vitória sofreu 11 gols.

Vitória tem problemas com bolas aéreas. Nos últimos sete jogos, foram nove gols com bolas cruzadas
– Tinha dado uma encaixada boa no sistema, acabamos ficando mais seguros. Mas é até burrice da minha parte falar disso, mas a defesa não é formada por dois zagueiros, né? Nosso sistema dos onze jogadores tem que estar em conjunto. Assim você tama mais gols e menos gols. A volta do Kanu é importante para o grupo, fica mais encorpado, um cara que tem uma bagagem, até pela questão das bolas aéreas ofensivas, entrosamento. Mas o Fred fez boa partida contra o Bahia, o Ramon também estava bem atrás. O que a gente lamenta é que se você for pegar os dados estatísticos, a equipe sofre pouco defensivamente. A gente não fica sendo massacrado pelo adversário, eles tendo chances reais. Lamentável é que num descuido ou outro sofre o gol que não pode sofrer. E tem sido a tônica do nosso campeonato. Quando o conjunto erra a gente é penalizado – explicou Wallace.
A chance para o Vitória deixar o posto de defesa mais vazada do Campeonato Brasileiro ocorre no próximo domingo, quando terá pela frente justamente o Atlético-GO, time que também possui problemas no setor defensivo. As duas equipes se enfrentam às 17 (horário local), no Barradão. Se vencer, o Rubro-Negro baiano pode deixar a zona de rebaixamento e quebrar um tabu de 85 dias sem triunfos como mandante.