Quando a escalação do México foi divulgada, cerca de 75 minutos antes do início das oitavas de final, a comissão técnica do Brasil foi pega de surpresa: jogaria o veterano Rafa Márquez, e não Layún, como era previsto. Em pouco tempo, Tite e seus auxiliares se reuniram, desenharam uma nova situação para o adversário e avisaram os jogadores.
Esse tipo de ajuste de última hora não será necessário para quem enfrentar a Seleção. Tite não esconde a escalação. Nem mesmo se aproveita dos treinos fechados que a Copa do Mundo permite – e até estimula – para fazer qualquer mistério sobre quem entrará em campo.
Para ele, o ponto crucial de cada partida está na estratégia, não em quem vai executar. Ele tem convicção de que não levaria vantagem com esse recurso.
Na última segunda-feira, o Brasil logo imaginou as alternativas de Juan Carlos Osorio com Rafa Márquez, pelo longo conhecimento da carreira do jogador – que se aposentou após a derrota. Mas o México dominou até Tite recorrer ao Plano B e mudar do 4-1-4-1 para o 4-4-2.
Para essa mesma partida, o técnico brasileiro teve a possibilidade de manter o mistério sobre a lateral esquerda, já que Marcelo estava de volta aos treinos, mas optou, como de costume, por revelar antecipadamente que Filipe Luís jogaria, e o titular, em condições físicas para jogar somente de 45 a 60 minutos, começaria no banco de reservas.
Tite entre os auxiliares Matheus Bachi (ao fundo) e Cleber Xavier (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)
Antes de encarar a Costa Rica, a CBF comunicou a lesão de Danilo, ocorrida num treino fechado, de véspera, e na mesma nota o técnico anunciava a opção por Fagner. Embora óbvia, tratava-se de uma formalização.
Em março de 2017, já na seleção brasileira, ele começou a restringir o acesso da imprensa às suas atividades, mas fez questão de sempre revelar a escalação. Quando o tempo de treino aberto acabava e os titulares ainda não haviam sido mostrados, ele orientava a assessoria de imprensa para prorrogar a permanência dos jornalistas.
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tite jogadores treino seleção brasil sochi (Foto: Pedro Martins / MoWa Press)
De certa forma, a ausência de mistério se tornou um símbolo de segurança de seu trabalho. Na véspera da estreia, em 2016, Tite confirmou a equipe que enfrentaria o Equador e recebeu até aplausos. Foi um marco para ele.
Quando é questionada sobre o porquê de sempre revelar o time, a comissão técnica diz que se tornou um hábito e enaltece o trabalho com a própria equipe. Garante que o mais importante são as variações táticas e estratégicas, e que isso não há como revelar. A privacidade nos treinos de bola parada também é um trunfo.